Nos últimos anos, é comum haver um Grande Prêmio de Fórmula 1 do Canadá no circuito Gilles Villeneuve. É um circuito conhecido por muito, contudo, poucos conhecem este homem. Portanto, quem foi Gilles Villeneuve?
Joseph Gilles Henri Villeneuve nasceu no Canadá em 1950, na cidade de Quebec. O rapaz iniciou sua carreira com 25 anos em 1975.
Ele teve uma breve participação vitoriosa num campeonato local de snowmobile (moto de neve). Nos anos seguintes foi campeão na Fórmula Atlantic canadense e norte-americana.
Ainda em 1977, numa corrida que ele participou, estava presente o atual campeão da época da Fórmula 1, James Hunt. Villeneuve impressionou a todos por vencer esta prova, deixando para trás até mesmo o próprio James.
Esta façanha lhe rendeu um convite para participar no GP de Silverstone, pilotando o 3º carro da McLaren.
Mesmo usando um carro da equipe de 1974, Gilles conseguiu largar em nono, mas terminou a corrida na décima primeira posição, por ter problemas mecânicos.
A equipe não mais o convidou para participar em corridas, porém, seu estilo arrojado lhe rendeu um contrato com a Ferrari ainda em 1977.
Desde que entrou no automobilismo, Gilles mostrava ser um piloto talentoso, afinal, ao contrário da maioria que iniciou no kart, ele iniciou numa categoria que pouco tem a ver com a Fórmula 1. Contudo, foi em seus anos na Ferrari, que o piloto mostrou que seria um dos melhores pilotos da história.
Gilles era corajoso, rápido e agressivo. "Ele era um bocadinho maluco, mas certamente um fenômeno" relatou Nelson Piquet, contemporâneo de Gilles Villeneuve. "Não tenho duvidas nenhumas, GV [Gilles Villeneuve] era anormalmente valente. Numa competição direta era o maior sacana que eu conheci, mas totalmente justo. Era um piloto gigantesco”, concluiu Keke Rosberg.
Estas características lhe rendiam muitos acidentes. "O homem é uma ameaça pública”, revelou outro grande piloto de sua época, Ronnie Peterson. Um dos piores foi no GP do Japão o qual ele bateu exatamente em Ronnie Peterson. Seu carro foi lançado para fora da pista atingindo dois espectadores que estavam num local que não se permitiam pessoas. Obviamente, estes dois indivíduos morreram.
Sua 1º vitória ocorreu num circuito que estreou em 1978: O GP do Canadá.
Em 1979 a dupla de pilotos Gilles Villeneuve e Jody Scheckter garantiram o título de construtores para a equipe. Jody foi campeão e ele foi vice com 3 vitórias.
Gilles havia conquistado mais vitórias e a Ferrari estava no topo entre as melhores. Em 1982 ele era o favorito ao título. Porém, a equipe havia contratado o Frances Didier Pironi e não lhe foi explicado claramente esta posição de Gilles.
Didier e Gilles moravam em Monte Carlo. Além de viajarem juntos, Didier costumava passear de barco com Gilles e sua família, em seus momentos de lazer. Portanto, pareciam ser bons amigos. Mas de uma hora para outra, um fato mudou a história drasticamente.
No GP de San Marino, Villeneuve era o líder da corrida e Pirone estava em 2º. A equipe havia dado a ordem de manter as posições. Entretanto, Pirone descumpriu o acordo e ultrapassou seu companheiro no final da corrida, vencendo o GP. Esta atitude gerou inimizade o que resultou numa forte rivalidade entre os dois. Por este motivo, havia rumores que Villeneuve abandonaria a Ferrari para correr pela Williams no ano seguinte, pois este se sentia traído por amigo.
Esta rivalidade terminou de um modo trágico. Na sessão de classificação do GP da Bélgica, Gilles queria de qualquer jeito ficar a frente de Didier e em sua última volta classificatória, ele cruzou com um carro da equipe March que estava mais lento e um erro de calculo do piloto da Ferrari fez com que os carros se tocassem, roda com roda. O carro dele decolou e capotou por várias vezes no chão. O impacto foi tão forte, que partiu o cockpit de sua Ferrari no meio e ele foi arremessado violentamente para fora do carro. O piloto da March, nada sofreu com este acidente.
Obviamente, Gilles Villeneuve morreu na hora. Este jovem piloto tinha tudo para ser pelo menos um dos maiores pilotos de todos os tempos. Mas assim como muitos outros não teve tempo para mostrar o que ele seria capaz.
Quinze anos depois, seu filho Jaques Villeneuve, mesmo nunca vencendo no Canadá, pôde honrar a memória de seu pai por conquistar o título de campeão mundial de 1997.
Gilles morreu em 1982, mas sua memória prevalece até os dias de hoje no autódromo que leva o seu nome. Este circuito é uma “mistura de velocidade baixa e curva rápidas. É muito desafiadora” – disse Bruno Senna para a revista Auto Sport .
Para o piloto ser bem sucedido nele, precisa utilizar as mesmas características que marcaram a carreira de Gilles: Ser veloz, arrojado e corajoso para andar no limite sem bater nos muros de proteção tão próximos ao traçado do circuito.
Por mera coincidência em 2007, Robert Kubica, pilotando uma BMW Sauber, sofreu um acidente similar ao de Gilles, porém ele sofreu ferimentos muito leves e por ironia conseguiu sua primeira vitória no ano seguinte, em 2008.
Este circuito sem dúvida é especial para muitos pilotos, como por exemplo, Piquet que conquistou uma de suas últimas vitórias em 1991 e Barrichello que conseguiu seu 2º pódio em 1995. Porém nem tudo é alegria. Além do impressionante acidente de Kubica em 2007, outros acidentes graves como o de Olivier Panis em 1997 e o acidente fatal de Ricardo Paletti em 1982, mancharam a história deste circuito.
Gilles pelo visto seria o melhor piloto. Assim como outros pilotos, seria o piloto a ser batido, assim como Schumacher é hoje, se houvesse tempo. Tinha todas as qualidades de um piloto fenômeno. Seu objetivo não era ser o campeão ou ser o melhor. Para ele isto seria a consequência de seu bom trabalho. Fazia o que gostava se divertia com isso e com certeza sabia dos riscos envolvidos. Porém, como qualquer humano imperfeito, ele cometia erros. Estes erros, unidos com suas qualidades, resultaram na morte de expectadores e por fim em sua própria morte.
Assim, de agora em diante, quando ouvirmos falar do circuito “Gilles Villeneuve” saberemos quem foi este piloto e o porquê que este circuito homenageia o seu nome.